Dom Oba II da África – Um Herói desconhecido

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Hora do desfile das escolas de samba no Rio de Janeiro, ano 2000. Eis que surge majestosamente a Estação Primeira de Mangueira e anuncia o seu enredo, Dom Obá II da África: Rei dos Esfarrapados e Príncipe do Povo. Quem foi afinal este homenageado?  A narração do desfile apresentou uma parte importante da nossa história, mais precisamente história da África, do Brasil, da Cidade de Lençóis na Chapada Diamantina no Estado da Bahia, a saga da volta de negros da 3ª. Companhia dos Zuavos Baianos da Guerra do Paraguai e a luta inglória destes retornados e a luta para a inclusão na Guarda Nacional sem sucesso. Nosso herói foi descrito e retratado como um cidadão negro, alto, elegante, fraque, cartola e luvas, bengala e guarda chuvas. Sua postura era de uma árvore frondosa que se alimenta da terra cheia de diamantes. Príncipe dos negros livres, neto de Abiodun, último soberano, do reino de Oyó na Nigéria, reino de Xangô. Publicava em jornais da cidade. Era quase uma celebridade do seu tempo. 

Obá significa rei na língua ioruba. Ele nasceu em Lençóis, “onde diamantes eram encontrados aos punhados”. Jornalista e militar brasileiro. Dom Oba assistiu muito disputa política entre os coronéis Sá e Calmon. Dom Obá viu muito diamante sair de Lençóis para a Europa.  Diante do chamado para a Guerra do Paraguai Dom Oba não hesitou em defender a pátria. D. Obá embarcou no sonho de defender a pátria, sua própria liberdade e de seus irmãos. O negro escravizado que fosse para guerra se não fosse entregue aos abraços da morte que os aguardava quase que inexoravelmente, podia voltar alforriado. A sua luta era para superar o miserável status imposto pela sociedade escravista.
Galvão juntou-se a outros jovens do lugar e lá se foi para a guerra  como alferes. O seu batalhão vestia uniforme inspirado nos regimentos dos zuavos franceses da Argélia. No infeliz teatro da guerra os zuavos baianos chamava atenção por seu garbo e por que todos eram negros até mesmo os oficiais. O conde d´Eu, marido da princesa Isabel louvava a bravura e a beleza da tropa como “ a mais linda de todo exercito brasileiro”.

O herói volta para casa
Difícil é compreender a situação dos nossos heróis. Imagine, que a volta dos voluntários era vista como um perigo a paz e a segurança públicas. O sonho de serem incorporados ao exército nacional foi morrendo no corpo e na alma dos voluntários que defenderam a pátria. A vitória passou a ser um problema a ser resolvido com o abandono dos heróis a fragmentação das unidades e procedendo a desmobilização geral. D. Oba, ferido na mão direita, se retira do serviço ativo e reivindica seu sustento ao imperador do escrevendo:
Atendei, Senhor, em vossa imperial munificência, aos justos reclamos deste soldado, que também ouviu em tempo os gritos pungentes da aflita pátria...Ele pede simplesmente as honras do posto que serviu e uma pensão correspondente.
Candido da Fonseca Galvão
                        Imperador, 1872

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