Manuscritos do Timbuktu, do deserto para a net

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Graziella Beting

A lendária civilização do Timbuktu, no Mali, está mais perto de ser desvendada por curiosos e pesquisadores de sua história. Os importantes manuscritos do Timbuktu, datados dos séculos XV a XIX e descobertos nos últimos anos, estão sendo digitalizados e colocados na internet.

Os manuscritos, que versam sobre ciências, astronomia, história, matemática, medicina, botânica, literatura e religião, foram trazidos pelos diversos viajantes que passaram por Timbuktu nos séculos passados. A cidade, que se tornou um importante centro cultural entre os séculos XV e XIX, foi fundada como entreposto comercial nos anos 1000. Situada no ponto de encontro de caravanas que iam do Sudão ocidental ao Magreb, a cidade foi incorporada ao Império Songhai em 1468, quando viveu sua fase de maior expansão cultural. No século XVI, sua universidade chegou a ter 25 mil alunos – para uma população de 100 mil habitantes.

Um dos manuscritos encontrados em Timbuktu, já digitalizado

Durante o período colonial, as famílias de Timbuktu, que tinham o hábito de colecionar bibliotecas particulares constituídas por manuscritos em pergaminho, decidiram esconder seus livros, para evitar a pilhagem. Por isso, as obras passaram os últimos séculos escondidas. Os manuscritos foram enterrados, escondidos no fundo de poços ou levados para longe, em grutas ou no deserto do Saara. Desde 1964, a UNESCO lançou um apelo para recuperar e reunir esse precioso acervo. A partir dos anos 90, parte dele começou a aparecer (cerca de 200 bibliotecas particulares), e vem sendo alvo de projetos de preservação e conservação. A digitalização é uma solução para a preservação dos originais, já que muitos deles, pela ação da areia, umidade e sol, estão tão frágeis que não podem ser manuseados.

Aos poucos, esses manuscritos digitalizados estão sendo colocados na internet. Os primeiros já estão à disposição de pesquisadores credenciados no site www.aluka.org.Até o fim deste ano o site pretende disponibilizar 300 manuscritos. O projeto está sendo realizado por uma parceria entre instituições do Mali, da África do Sul e dos Estados Unidos.

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