Mitos africanos dão a base para projeto pedagógico

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O projeto Irê Ayó, elaborado pela professora Vanda Machado, fez da Escola Eugênia Anna dos Santos, referência no cumprimento da Lei 11.645/08.

Cleidiana Ramos

Na turma do quinto ano da Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos, situada no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá,Doudou Rose Thioune, natural do Senegal, explica o que é um griô, nome que se dá ao guardião das tradições orais nas sociedades africanas. São eles que cantam, dançam e celebram em ocasiões importantes do dia-a-dia. A aula é uma demonstração de como na escola o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira não é apenas o cumprimento da Lei 11.645/08, mas base pedagógica.

A partir dos mitos africanos, são ensinados os conteúdos de português, matemática, geografia, história, dentre outros. A proposta segue um modelo elaborado pela doutora em Educação Vanda Machado, implantado na Eugênia Anna dos Santos a partir de 1999.

O projeto Irê Ayó fez da escola referência, antes mesmo da aplicação da Lei ter se tornado uma ação oficial do município de Salvador, em 2005.

“Falar da África e da cultura afro-brasileira aqui é falar do cotidiano. Exploramos as várias possibilidades dos conteúdos“, diz a coordenadora pedagógica da escola, Alexsandra Oliveira.

Criatividade Para desenvolver o conteúdo, a professora do 1º ano Claudia Castro montou um mural ao lado dos alunos. A peça foi crescendo e incorporando novos elementos à medida que o estudo avançava. A partir daí, toda a evolução das discussões sobre questões comoas razões e os impactos da falta de água ou catástrofes naturais associadas a ela foi sendo apresentada.

Nas aulas de matemática, os números foram memorizados por meio das figuras de peixinhos em uma lagoa. “Esta escola escolhe a gente. É uma energia muito forte que envolve quem trabalha aqui“, diz a professora.

Na aula coordenada pelo convidado Doudou Rose Thioune, os alunos da professora Altamira Freitas aprenderam cantando e dançando aspectos sobre a cultura do Senegal. Em um determinado momento, os meninos, liderados por Doudou, estavam cantando em língua wolof.

“Esta é a língua mais popular no Senegal e um tipo de código que abrange expressões presentes em vários outros dialetos”, explicou Doudou.

A aula dada por ele é um tipo de atividade comum na escola e tem agradado e animado também às crianças.

“Aqui é bem legal e diferente da outra escola em que eu estudei. Gosto muito de ser aluna daqui”, afirmou Vitória Regina, 11 anos.

Fonte: Jornal A Tarde de 31 de maio de 2010

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